Ainda ontem, falava com dois colegas advogados, intrigados sobre a árdua tarefa que tem sido sensibilizar sócios de startups quanto à necessidade de evoluírem nas práticas de governança corporativa. Eu dizia a eles que essa dificuldade não é sentida apenas em meio a startups. Para mim, que transito especialmente no ambiente das empresas familiares, o desafio é o mesmo. Com um “ingrediente” a mais: os vínculos emocionais, que muitas vezes impedem que as famílias empresárias se encorajem na jornada da governança.
Sim, propor a agenda da governança numa empresa familiar é um ato de coragem! Requer, inicialmente, consciência de que temas pouco ou nada discutidos serão “revirados”. Para isso, é importante que todos os envolvidos estejam fortalecidos emocionalmente, o que significa dar espaço para conhecer as convicções de cada um. Porém, essas convicções não nascem da noite para o dia. São fruto de desenvolvimento adquirido com as experiências, acumuladas principalmente com formação educacional e trabalho. Ao ter convicção do que quer, o membro da família sente-se mais confiante para expor anseios, necessidades e desejos da sua vida profissional.
No entanto, por conta dos tais “vínculos emocionais”, nem sempre o diálogo entre os familiares é confortável. Nesse momento a “governança” demonstra a sua importância. Ela estrutura o ambiente empresarial considerando os aspectos da família proprietária do negócio, para que as tomadas de decisão aconteçam com disciplina. E então aparece o valor da governança, que impulsiona as famílias a tomarem decisões e assim movimentarem seus negócios.
É preciso que se tenha, portanto, vontade para mergulhar nas profundezas das questões que envolvem uma empresa familiar. Seus membros, quando guiados pelos princípios e ferramentas da governança corporativa, têm a oportunidade de clarear as verdades e ter as suas vocações respeitadas. Adquirir essa visão é fundamental para as famílias que desejam preparar os seus negócios para o futuro. Pense nisso!
