E agora, quem vai costurar?


A indústria têxtil não é feita de peças de roupa. É feita de ideias, tecnologia, engenharia, design, logística e, acima de tudo, de gente. O setor inteiro depende de cada elo dessa cadeia – do fornecedor ao varejo, do tecelão ao desenvolvedor de software.

Temos tecnologias avançadas, máquinas de última geração, máquinas que falam – e fábricas vazias. Será esse o nosso destino? Produzir em países pobres, perpetuando ciclos de exploração?

Não está na hora de uma retomada industrial? De usar a tecnologia a nosso favor? De ensinar e operar nossas próprias máquinas, dominando nosso processo produtivo? Vamos deixar que outros ditem os rumos da nossa indústria ou assumir o protagonismo dessa transformação?

Falamos sobre sustentabilidade ambiental, consumo consciente e produtos mais duráveis. Mas e a sustentabilidade da produção? O que estamos fazendo para garantir uma indústria qualificada, com mão de obra especializada, valorizada e otimizada?

Moda não é só tendência – é um termômetro do nosso tempo, um reflexo do que valorizamos enquanto sociedade. O que estamos construindo hoje? Um mercado que capacita e fortalece seus profissionais ou um setor estagnado pela falta de investimento humano?

Em meus devaneios, imagino roupas mais caras, mais bem-feitas, mais exclusivas. Não por luxo, mas porque cada peça carrega propósito, história e excelência. Roupas feitas por mãos e máquinas valiosas – que todos possam usar.


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